MaDame Lumière

Sou MaDame Lumière. Cinema é o meu Luxo.

   #Comédia #Família #Diversidade #Streaming #CinemaFrancês Uma das novidades da  A2 Filmes Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crít...

 





 #Comédia #Família #Diversidade #Streaming #CinemaFrancês



Uma das novidades da A2 Filmes






Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação
 





Não há mais nenhuma dúvida de que o Cinema Francês funciona bem na Cinefilia Brasileira, especialmente com o crescimento do Festival Varilux nos últimos anos e a presença massiva de comédias que se popularizaram na França. Entre elas, Que mal eu fiz a Deus?, dirigido por Philippe de Chauveron, conquistou apreciadores em todo o mundo ao trazer a diversidade familiar alinhada à realidade étnico-social da França. Como ponto de intersecção global, o diretor buscou tratar de temas universais como aceitação, tolerância, respeito, empatia e resolução de conflitos.









Devido ao sucesso do primeiro filme, o que não era uma franquia, tornou-se uma. O projeto ganhou peso com a colaboração dos atores no feedback do próprio roteiro e o sentido da França como lar. Considerando a perspectiva de que a França é mais multiétnica do que Francesa na atual conjuntura, mas ainda assim, conservando o bom humor Francês para a abordagem de uma complexa agenda de diversidade, pode-se dizer que o segundo filme buscou trazer novas problemáticas no seio da família de Claude e Marie Verneuil. O resultado fica dentro da média, porém inferior ao timing cômico, carisma e "novidade" do primeiro filme.




Desta vez, Claude (Christian Clavier) tem que lidar com as decisões matrimoniais de seus genros que desejam deixar a França, logo, a figura do sogro provinciano, invasivo e divertido mantém o alicerce humorístico do pai de família que fará de tudo para preservar todos por perto. Neste sentido, o experiente Clavier tem um papel importante ao lado da esposa (Chantal Lauby) com tiradas cômicas, às vezes tolas para sua senioridade como pais, porém carregadas com um misto de doçura, ingenuidade e desespero, assim, fazendo o contraponto com os diferentes estilos, origens  e ambições dos genros.









A família Koffi representa um núcleo familiar que se relaciona com os Verneuil como novo parentesco, agrega uma distinta camada de humor ao trazer o ator Pascal Nzonzi, outro sogro que, dadas suas raízes Africanas, mantem uma identidade pessoal estrangeira e única, mas também se aproxima de Claude ao representar o patriarca engraçado que quer controlar situações e as crias que não necessariamente serão controladas.




A continuação tende a agradar como um leve entretenimento se o espectador se desvencilhar da primeira parte e permanecer sem expectativas. Em grande parte do filme, Chauveron em parceria com Guy Laurent ainda forçam bastante diálogos para obter risos como retorno e as situações não são significativas o suficiente para sustentar um bom engajamento com a história. De fato, embora a comédia apresente as falhas dos personagens como um ativo irresistível do gênero e o elenco seja bem entrosado, a parte 2 busca criar situações muito mais ligadas à diversidade e ao valor da França para os estrangeiros.  A defasagem é que os diálogos e experiências não são convincentes e envolventes para um filme com tantos personagens.








No mais, o centro da comédia ainda é bastante focado nos personagens masculinos e muito pouco nos femininos, representando ainda uma lacuna narrativa em uma França na qual a diversidade de gênero é igualmente constante. Ainda que, neste filme, há abertura para abordar os afetos da mulher lésbica e da mulher da terceira idade, isso torna-se apenas mais um detalhe coadjuvante para a aceitação e não insere as perspectivas do elenco feminino de maneira equilibrada e participativa. Nesse aspecto, os roteiristas perderam a oportunidade de equilibrar os diferentes papeis de gênero.





  #Drama #Streaming #CinemaEuropeu #Imigração #Maternidade Uma das novidades da plataforma Supo Mungam Plus   Por  Cristiane Costa ,  Editor...

 






#Drama #Streaming #CinemaEuropeu #Imigração #Maternidade



Uma das novidades da plataforma Supo Mungam Plus 






Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação
 





Continuamente o drama da imigração tem sido abordado nas produções Europeias sob diferentes perspectivas, tanto de gênero como raça, identidade e nacionalidade, fato que contribui para a denúncia das atrocidades vivenciadas por milhares de pessoas diante de uma intolerância sistemática e traz à superfície distintos absurdos historicamente construídos que, em grande parte, são desconhecidos da ampla audiência.





A parceria entre Miha Mazzini e Dusan Joksimovic em Apagada (Erased | Izbrisana, 2018) realiza um eficiente recorte sobre a prática de "apagamento" de cidadãos de outras repúblicas da ex-Iugoslávia na Eslovênia. Com o protagonismo da atriz Judita Frankovic no papel de Ana, uma mãe que dá à luz no hospital, descobre que está apagada do sistema e é obrigada a se separar da filha recém-nascida, a história retrata a sua dolorosa luta como uma estrangeira em um país que foi seu lar por anos.











A narrativa é construída com objetividade e economia em termos de roteiro, considerando que Ana é uma personagem que está sozinha e tem poucos recursos para lutar pela recuperação da filha. Uma vez, sendo uma "apagada", ela é como um zero à esquerda para a sociedade. Tamanha frieza dá uma dimensão de que os conflitos étnicos e separatistas da antiga Iugoslávia deixaram fraturas sociais profundas. 






Os personagens coadjuvantes, como o pai e o ex-amante, ajudam na jornada como uma luz no final do túnel, de forma a criar possibilidades para Ana, porém ainda são personas de uma Eslovênia fragmentada e suportada por uma máquina burocrática Kafkiana, pela influência do governo autoritário e por uma mídia pouco expressiva. Eles pouco podem fazer para ajudá-la, assim, estas ações limitadas dos coadjuvantes reforçam o quanto o apagamento deixa os cidadãos locais e estrangeiros com as mãos atadas.













Embora o filme foi realizado de uma forma datada como uma denúncia histórica, política e social e com fotografia e atuações próximas aos suspenses de guerra, ainda se trata de uma história intimista sobre maternidade e imigração. Com isso, o diferencial de Apagada é a atuação de Judita Frankovic, crível e direta.  A sensibilidade materna catalisada de forma não sentimentalista na sua atuação transforma esta jornada  em algo muito mais poderoso e verossímil. 





Se Ana esmorecer sua força apenas em lágrimas e desespero, é como dar o prêmio aos intolerantes. Ela sempre será uma mãe, apagada ou não,  e esta força é tremenda.








Fotos, uma cortesia do filme para crítica.

   #Drama #LGBTQI+ #Streaming #CinemaGuatelmaco Uma das novidades da plataforma  Cinema Virtual   Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueir...

 




 #Drama #LGBTQI+ #Streaming #CinemaGuatelmaco



Uma das novidades da plataforma Cinema Virtual 






Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação
 





O Cinema de temática LGBTQI+ tem aumentado o número de produções independentes com a ampliação de espaços dialógicos para discussão e reflexão sobre a interseccionalidade entre gênero, raça e sexualidade. Embora haja uma tensa relação entre sexualidade e Cristianismo, como por exemplo, em "Má Educação" (2004, de Pedro Almodóvar) e em "Graças a Deus" (2018, de François Ozon), a maioria dos filmes buscam retratar os relacionamentos sob uma perspectiva realista e contemporânea que valoriza os afetos.










Na contramão de Me Chame pelo seu nome (2017) e Moonlight: sob a luz do luar (2016), Tremores (Temblores, 2019) do cineasta e roteirista Gualtemaco Jairo Bustamante opta por filmar a visão tradicional da repressão e do preconceito social contra um amor homossexual.  Na trama, o ator Juan Pablo Olyslager interpreta Pablo, homem evangélico casado com Isa (Diane Bathen) e pai de dois filhos. Ele se apaixona por Francisco (Maurício Armas) e decide morar com o amante. Sua família se une a Isa e a pastora da igreja e propõem um "tratamento" para curá-lo.











Como os tremores típicos da região vulcânica da Guatemala, o roteiro apresenta abalos profundos no relacionamento de Pablo com a família. Ele é privado da presença dos filhos e exposto a diversos tipos de humilhações. O posicionamento da família utiliza o discurso da religiosidade e da configuração convencional das famílias, assim a polêmica "cura gay" é exposta na narrativa com bastante afinco pelos envolvidos que se posicionam totalmente contra a homossexualidade. O tratamento ganha maior força a partir do meio da projeção, se afirmando como um assustador "rehab" anti-homossexual com absurdos contornos de radicalismo religioso.






A decisão do diretor em filmar de uma maneira didática e convencional funciona bem para esta dinâmica dramática, levando em conta que Pablo é um homem em crise em uma efervescente comunidade religiosa. Ele não deseja perder o amor dos filhos e nem da família, assim muitas de suas reações são baseadas na forte pressão social e no medo de perder a convivência com os filhos. Com isso, a maioria das cenas são tradicionais e bem diferentes de trabalhos anteriores do cineasta, como o elogiado Ixcanul (2015), ainda assim, entrega uma perspectiva coerente com o posicionamento de muitos evangélicos.










É interessante notar que o diretor emulou o radicalismo e não economizou tomadas nas igrejas, centro de "tratamento" e ambientes familiares com intensos conflitos, todas dirigidas com excelência. O público também deve ter em conta que a história é ambientada em uma família de classe média alta na Guatemala, um país com histórico de violência étnica e outros preconceitos. Observar que Pablo é um homem de família abastada que se envolve com um massagista de origem pobre e periférica mostra outra nuance social desta realidade hostil que eles têm que enfrentar.








Fotos, um cortesia assessoria do filme para crítica.

  Repescagem Mostra Play - 04 a 07 de Novembro Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação O...

 





Repescagem Mostra Play - 04 a 07 de Novembro




Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação






O diretor Iraniano Mehrdad Kouroshnia tem experiência na TV com as séries Rhino e Forbidden e, em parceria com o roteirista Ali Asghari, estreia em longas-metragens com Sem Aban (Bi Aban| Without Aban, 2021), uma produção de baixo orçamento que se destaca pela habilidade do cineasta em explorar as locações em torno de um tripé de cenários formado por madeireira, floresta e rodovia e a direção de atores com a crível atuação de Reza Akhlaghi Raad.











A narrativa se desenvolve com uma tensa revelação após o guarda florestal Aban (Raad) encontrar o cadáver de uma garotinha no meio da estrada. O evento se transforma na ponta do iceberg de um segredo guardado há 15 anos e que coloca em risco o casamento entre ele e sua noiva interpretada por Sahra Asadollahi. Atormentado pela culpa de ter matado um garota em situação similar, Aban se apropria de um papel de justiceiro e de investigador e se empenha em descobrir quem atropelou a garota.





Sem Aban traz um componente de redenção diferente do que normalmente acontece no Cinema Ocidental, o que provoca um estranhamento com as situações vivenciadas pelo protagonista e que reflete uma faceta provinciana do Irã. Aban tem uma forte personalidade e tem certa influência no local, sendo assim, quando fala a verdade sobre seu passado, seu crime não vale nada para aqueles policiais ali que não podem reaver o cadáver enterrado há 15 anos atrás. Neste aspecto, a história carrega estranhezas nas quais o valor da verdade pode ser nulo ou mínimo.












Diante dos fatos nos quais Aban têm que lidar com contrabandistas e a arrogante mãe da noiva,  ele é mais um homem angustiado e arrependido em busca da verdade do que propriamente um homicida. Está inserido em um pequeno núcleo dramatúrgico capaz de negligenciar, ignorar e mentir, se for necessário, para manter uma imagem social e os negócios sob controle. 





Com isso, o longa coopera para refletir sobre verdade, culpa e justiça. Objetivo, econômico e eficiente, tem de tudo para colocar o público neste espectro de histórias Iranianas marcantes e estranhas com dilemas morais. Após o desfecho chocante, certamente, Sem Aban continua girando na cabeça como um assombro e com a dimensão dos danos que o ser humano provoca uns nos outros.






(3,5)




Fotos, uma cortesia Mostra SP para divulgação da crítica.

  #MostraSP #45ªmostra #45mostra #FestivaisdeCinema #EuvinaMostra Repescagem Mostra Play - 04 a 07 de Novembro Por  Cristiane Costa ,  Edito...

 



#MostraSP #45ªmostra #45mostra #FestivaisdeCinema #EuvinaMostra



Repescagem Mostra Play - 04 a 07 de Novembro




Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




O longa-metragem Na Prisão Evin (At the End of Evin, 2021) dos diretores Iranianos Mehdi e Mohammed Torab-Beig apresenta a dramática história de Amen (voz de Mehri Kazemi), uma mulher transgênero que, diante do forte desejo de realizar a cirurgia de redesignação de gênero, conhece Naser (Mahdi Pakdel), homem rico e poderoso que está disposto a ajudá-la. O que ela não imaginava é que estava ingressando em uma jornada de violência e sacrifício que comprometeu sua liberdade.











Conduzido com uma perspectiva subjetiva na qual o espectador observa os demais personagens e espaços através a visão de Amen, o longa coloca o público na experiência da protagonista e materializa uma prisão simbólica. É uma trama perigosa na qual ela percebe como foi usada para atender os objetivos de Naser. Esta câmera pelos olhos de Amen representa a tensão vivida por ela que é deslocada para o público, sendo assim, as falas patriarcais e dissimuladas de Naser assim como as atitudes duvidosas dos demais personagens trazem um clima de perversidade e insegurança.





O dispositivo do ponto de vista de uma vítima absorve intensamente o drama da experiência, assim, transformando a narrativa em algo desolador, em contínuo suspense com um clima de horror moderno. É uma lente que se abre para observar as segundas intenções dos outros e como os discursos são construídos cinicamente por poderosos para se apropriar dos corpos, ausências e desejos alheios.











Na excelente interpretação de Mahdi Pakdel, o drama provoca mal estar e intensifica a pressão do poder oriundo de classe e gênero. Ele encarna bem o homem rico e odiável que consegue conduzir as ações para o bem próprio. Seu comportamento reforça as intenções gananciosas que inicialmente fizeram com que ele pedisse para Amen fingir ser sua filha para a avó cega. Amen aceitou utilizar essa máscara para obter a cirurgia, mas depois começa a perceber que Naser tem ambições bem mais perigosas do que apenas uma mansão como herança.





O dispositivo da subjetividade tende a cansar um pouco, como recurso cinematográfico, considerando que constrói uma narrativa claustrofóbica e exaustiva na forma como foi dirigido. Porém, é importante considerar que se trata de um filme-denúncia sob a perspectiva do horror sofrido por pessoas trans na sua condição social e econômica.  A prisão de Amen começou  bem antes, a partir da dependência do financiamento de um ganancioso milionário.








Fotos, uma cortesia Mostra SP para divulgação da crítica.

#MostraSP #45ªmostra #45mostra #FestivaisdeCinema #EuvinaMostra De 21 de Outubro a 03 de Novembro Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueir...




#MostraSP #45ªmostra #45mostra #FestivaisdeCinema #EuvinaMostra



De 21 de Outubro a 03 de Novembro




Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação






A beleza icônica de muitas celebridades representa um desejo atemporal através de imagens cinematográficas registradas nos filmes, livros de Cinema e Arte e biografias. Por outro lado, nem sempre esta beleza é convertida em uma vida financeiramente estável e mentalmente equilibrada, levando muitas à decadência e ao esquecimento. Para as que sobrevivem, algumas ainda trazem um profundo pesar com culpa, depressão e solidão quando chegam à velhice.











Entre estas celebridades que foram ícones de beleza está o ator Sueco Björn Andrésen, que interpretou o papel de Tadzio no clássico Morte em Veneza (Death in Venice, 1971), adaptação da obra homônima de Thomas Mann. O diretor Luchino Visconti ficou fascinado com o frescor, a delicadeza e a elegância de Andrésen e o revelou em uma sessão de fotos. Ele nunca escondeu que gostava de selecionar e dirigir homens jovens e belos em seus filmes como foi o caso de Alain Delon em Rocco e seus irmãos (1960).





Após 50 anos de Morte em Veneza, os documentaristas Kristina Lindström e Kristian Petri lançam O Garoto Mais Bonito do Mundo (The Most Beautiful Boy in the World, 2021), um percurso na vida pessoal e profissional de Björn Andrésen. Enfoca os fantasmas do passado e as tragédias ocorridas na vida do ator. Após a fama meteórica revelada no auge de sua beleza, a carreira de Andrésen não foi desenvolvida com consistência. A narrativa tem uma montagem eficiente, entre tomadas mais intimistas e material documental, e busca revelar os impactos do sucesso e os altos e baixos desta jornada. Cabe ao espectador refletir se Tadzio foi um encontro maldito ou não para Andrésen.











O despir do ator em todo desenvolvimento do documentário é uma verdadeira descida ao inferno, entretanto, uma jornada com honra e dignidade diante de tamanha transparência e vulnerabilidade do ator. Andrésen deixa claro o seu mal estar na época que foi descoberto por Visconti e de como foi cobiçado por homens mais velhos e endinheirados, além de expor tragédias em família como a distante relação com sua mãe doente e a perda do filho. Assim, o documentário expõe a fraqueza deste homem, em grande parte, por não ter conseguido enfrentar as oscilações da sua saúde mental.





Vê-lo em uma exposição tão vulnerável, desperta muita compaixão, mas também evidencia que nenhuma beleza e fama são autossustentáveis. Neste sentido, ainda que sua revelação no Cinema o colocou em um patamar de objeto sexual no qual ele não teve apoio familiar e amigos verdadeiros, o maior descontrole de sua vida se deu em virtude de que, em diferentes momentos, ele se deixou vencer pela fraqueza, pelas memórias e padrões comportamentais negativos. Com ausência da família e de uma rede de apoio, Andrésen foi até o fundo do poço.





No imaginário coletivo, normalmente, o público associa beleza à sucesso e fortuna, ainda que muitas celebridades sofram uma forte queda financeira, artística e estética no decorrer dos anos. Neste aspecto, o documentário entrega mais tristeza e melancolia do que um fio de esperança. Reforça como ser bonito(a) é frágil e as pessoas se aproveitam da beleza e do desejo sobre o outro quando lhes convém. Mas também, tem seu lado positivo pois funciona como uma tentativa de ressignificação da vida de Andrésen.




Björn Andrésen é um cavalheiro solitário em recuperação, cuja beleza nos anos 70 poderia tê-lo projetado a uma vida de prosperidade. Agora só resta ele sobreviver a estas memórias e vivenciar sua maturidade com paz e sabedoria. Que ele consiga!







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Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




Craig Zobel é um cineasta versátil na seara de filmes de suspense e horror. Seus últimos trabalhos como a direção da série dramática @HBO Mare of Easttown (2021) estrelada por  Kate Winslet e o longa de terror A Caçada (The Hunt, 2020) são produções bem interessantes considerando como a violência é catalisada nas personagens e suas histórias. Polivalente, Craig Zobel também trabalha como produtor, roteirista e ator e tem completo controle de cena para criar uma tensa atmosfera de horror psicológico.











Presente na plataforma de Cinema Supo Mungam Films, Obediência (Compliance, 2021) foi um dos primeiros longas do diretor que obteve uma boa recepção da crítica e espectadores, mas ainda é uma produção desconhecida pelo grande público. Baseada em fatos, a história aborda os abusos a funcionárias ocorridos em estabelecimentos comerciais como lanchonetes e mercados em cidades pequenas dos USA no início da década de 90 e que duraram cerca de 12 anos. Um sociopata fingia ser um policial quando ligava a estas lojas. Depois, acusava as funcionárias e/ou clientes de roubos, obrigando os gerentes e outros empregados a realizar várias práticas abusivas contra elas.





Ambientado em uma lanchonete Chickwich, a história apresenta Sandra (Ann Down, da série Handmaid's Tale) como a gerente do local. Ela recebe a ligação de um suposto policial que imediatamente acusa Becky (Dreama Walker) de roubo de uma cliente. Começa uma tensa conversa que dura horas, expondo Becky a uma série de situações constrangedoras e violências psicológica, moral e física. O criminoso não tem escrúpulos e se esconde atrás de uma máscara social com a imposição de um poder institucional e os funcionários do estabelecimento pouco questionam os abusos contra Becky.










Se a ficha técnica do filme não mencionasse que é inspirado em histórias reais, certamente, muitos não acreditariam até que ponto perverso chega o ser humano. Neste ponto, Obediência é assustador tanto no horror psicológico em cena como na naturalização da ação do farsante e como todos seguem suas ordens com obediência. Becky se transforma em um objeto fácil nas mãos do sociopata, tendo que se submeter a diversas humilhações, porém o mais desconcertante é constatar que a vítima estava sozinha. Todos os demais eram como zumbis, o que reflete a cultura do medo, do autoritarismo e da violência nos USA.





Diante de uma narrativa demasiado perturbadora, Craig Zobel foi inteligente ao levar a execução da história ao limite, em um ambiente e situação claustrofóbicos e um clima angustiante. Ele traz à audiência o horror da obediência cega retroalimentada pelo poder autoritário e pela visão tradicional da culpabilização imediata. Observar os absurdos em cena, raramente questionados pelos envolvidos, deixa um rastro real e pessimista na experiência fílmica. Além disso, há um sentido de ignorância presente na população interiorana que, na tradição, acredita no comando do xerife.











Obediência é um ótimo thriller na filmografia de Craig Zobel e vale a pena ser explorado na dimensão do horror enraizado na cultura Americana. Não se refere apenas a fatos abusivos ocorridos em outras décadas, mas contribui para uma reflexão sobre o horror do cotidiano que muitas vezes passa desapercebido pelas pessoas comuns e faz parte de crenças limitantes e padrões comportamentais que estão no subconsciente coletivo. Basta observar quem é o homem que finge ser policial. As máscaras sociais caem e estar atentos (as) ao horror é um mal necessário para denunciar estes monstros.







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De 21 de Outubro a 03 de Novembro




Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




Cinema é uma linguagem fértil e precisa para expor as injustiças sociais devido ao seu amplo alcance em realidades geográficas e culturais muito distintas. Com a reflexão proposta pela obra, abrange denúncias universais. Temas como imigração, infância e família têm sido comuns em produções cinematográficas Europeias tendo em vista o envelhecimento, as desigualdades socioeconômicas, a xenofobia e o fluxo migratório. Adaptados de histórias reais, estes filmes tendem a chocar ao mostrar a rigidez com que imigrantes são tratados na Europa. É a denúncia do esvaziamento da humanização.












Formada em Cinema na London Film School, a cineasta Portuguesa Ana Rocha de Sousa aproveitou sua experiência de 11 anos como imigrante no Reino Unido  para estrear na direção de longas-metragens com o tema imigração. Normalmente, o argumento de um(a) cineasta independente surge de um incomodo natural com realidade social que o cerca. Em Listen (2020), ela aborda o retrato de uma família de imigrantes Portugueses que lutam incansavelmente para não perder os filhos para o serviço social Britânico. A batalha atinge uma maior complexidade porque uma das filhas é deficiente auditiva.











Toda a narrativa está enfocada no cotidiano desta família e suas interfaces com o serviço social e na busca de soluções legais e alternativas para reaver os filhos. Assim, a história gira em torno de um conflito com a Justiça cuja aplicação de lei visa ao favorecimento de famílias adotantes de crianças imigrantes. Neste contexto, os pais Bela (Lúcia Moniz) e Jota (Ruben Garcia) sofrem abusos morais e têm seus filhos arrancados de seu lar após um problema no colégio da filha surda.












É esperado que o serviço social de qualquer país proteja a infância e a adolescência contra qualquer negligência e violências, através da aplicação de mecanismos legais, dando espaço para as famílias apresentarem suas narrativas e argumentos, porém, em Listen, a situação é bem diferente em função de que a família Portuguesa não é tratada como cidadã. Ela é considerada inferior e ilegal até a "segunda página", deste modo, muito interessa ao sistema Britânico aplicar a lei que convém para assegurar a adoção de crianças imigrantes por famílias locais em uma Europa envelhecida. 











Esta importante temática diz respeito a um escândalo de proporções globais em países que retiram filhos de imigrantes, com ou sem detenção dos pais. São práticas abusivas e forçadas que se assemelham a uma "legalização" do tráfico humano. No roteiro, a cineasta mostra a dificuldade que os pais têm para visitar seus filhos e realizar qualquer comunicação efetiva com eles. Além disso, Ju (Maisie Sly) é tratada com preconceito e descaso por causa de sua deficiência auditiva.  Diante disso, o serviço social está mais interessado em impor seu poder à força do que zelar pelo bem estar da criança e realizar um processo multidisciplinar de Saúde,  Inclusão social e Educação Especial.












Com sensibilidade e resiliência, a excelente Lúcia Moniz se apropria bravamente do papel de mãe desesperada que precisa se recompor para defender os filhos. Seu grande momento de clímax é preenchido por espontaneidade e humildade excepcionais que comove muito mais, principalmente em um cenário tão hostil e aprisionante como o imposto a estas famílias imigrantes. Além disso, como muitas vezes é preciso usar as mesmas armas do inimigo, o filme não é politicamente correto. Ele traz também a realidade da ilegalidade nas ações, principalmente de pessoas que se arriscam a ajudar os imigrantes, e assim, adiciona ao drama uma ótima camada de suspense.






Merecidamente vencedor do prêmio de melhor longa-metragem de estreia e do prêmio especial do júri da Seção Horizontes no Festival de Veneza, Listen é um drama sensível que encontra força na vulnerabilidade de uma família imigrante. Como espectador (a), é revoltante presenciar uma realidade tão injusta que tenta silenciar esta família, mas o Cinema é  um  espaço de denúncia e de superação. Enquanto houver filmes como Listen, poderemos ser ouvidos.






(3,5)




Fotos, uma cortesia Mostra SP para divulgação da crítica.