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Resenhar Duplicidade , segundo filme de Tony Gilroy (de Conduta de Risco) não é uma tarefa fácil, não é nem pela complexidade do suspense m...

Duplicidade (Duplicity) - 2009



Resenhar Duplicidade, segundo filme de Tony Gilroy (de Conduta de Risco) não é uma tarefa fácil, não é nem pela complexidade do suspense mas é porque me despertou uma certa ambiguidade: bem dirigido e com um argumento contemporâneo porém nada empolgante na minha experiência cinematográfica. O longa-metragem, estrelado pelos charmosos Clive Owen e Julia Roberts em um diferente reencontro pós Closer tem a elegância da câmera de Gilroy com flashbacks bem cadenciados e um bem estruturado roteiro para a temática, o da espionagem corporativa entrelaçada com comédia romântica e suspense, porém em momento algum o filme foi-me apaixonante, salvo abordar a questão da desconfiança, que na película está em uma esfera dos relacionamentos tanto amoroso quanto institucional. Nesse ponto, considero o filme inteligente e bem roteirizado com esta faceta híbrida.







O thriller começa com um bom apelo à audiência: unir os bonitões Julia Roberts e Clive Owen em um romance de espiões. Após se conhecerem em uma das lindas locações internacionais, bel-prazer dos agentes secretos, eles se envolvem intensamente ainda que não consigam confiar um no outro. Contemplar os diálogos emblemáticos entre ambos, com um flerte no ar e a provocativa tensão da desconfiança é um deleite, mesmo que falte ainda carisma ao filme. Ela é Claire Stenwick, uma ex-agente da Cia e ele é Ray Koval, um ex-MIG. Desconfiança mesmo com as excitantes aventuras da profissão, mal de espião, não é mesmo? Ainda que os lençois de ambos estejam quentes, há que analisar friamente que tanto Claire quanto Ray são espertos demais e podem enganar um ao outro. Após deixarem suas posições no serviço secreto governamental, eles passam a trabalhar na segurança industrial de empresas concorrentes do segmento de cosméticos e seus chefes, respectivamente, os executivos Howard Tully (Tom Wilkinson) e Dick Garsik (
Paul Giamatti), em perfeitas atuações, se odeiam e entram no jogo competitivo das multinacionais que pagam bem para a espionagem. A cena inicial em câmera lenta na qual ambos brigam com direito a chutes e murros de engravatadinhos é uma das cenas mais cômicas e bem filmadas por Gilroy; dá até para imaginar os presidentes de grandes corporações querendo enforcar os concorrentes com suas gravatas bem engomadas. Ética corporativa não existe em Duplicidade, afinal a idéia é ser duas caras, um ser duplo, sempre que for necessário para chegar ao topo do mercado, atropelar o concorrente com ética zero e muitos bilhões para os acionistas é essencial no filme golpista de Gilroy.





Claire e Ray não são nada bobos e, entre uma transa e outra, já nasceram para serem golpistas e se amarem, então integridade profissional não existe para eles, ainda que tentam manter a integridade do relacionamento por isso é bonito ver Julia Roberts e Clive Owen, charmosos, bem vestidos, perigosos e apaixonados. O interessante no romance entre Claire e Ray é que são como almas gêmeas que podem até desconfiar um do outro, mas são os únicos capazes de se compreenderem; por isso em um filme no qual pessoas podem ter duas caras e até mais, as máscaras dos amantes são indiferentes. Eles conseguem ser cúmplices um do outro com duas, três, quatro caras se for possível. Esta nuance amorosa é bem interessante em um contexto de espionagem corporativa porque Gilroy entrelaça o romance com o ofício do casal, o de roubar a fórmula secreta de um novo produto, além disso reforça que, para um espião do cinema, relacionar-se afetivamente nunca foi tarefa simples, há que encontrar alguém compatível com este mundo secreto que, por trás de sua fortaleza e glamour, deixa qualquer espião também vulnerável, principalmente com relação à solidão e ao amor. Afinal, existe lealdade e amor neste contexto? Até onde vai a confiança e começa a desconfiança ou vice e versa? No final, a identidade da própria duplicidade será revelada.


Avaliação MaDame Lumière



Título original: Duplicity
Origem: EUA, Alemanha
Gênero: Suspense
Duração: 125 min
Diretor(a): Tony Gilroy
Roteirista(s): Tony Gilroy
Elenco:
Clive Owen, Julia Roberts, Tom Wilkinson, Paul Giamatti, Dan Daily, Lisa Roberts Gillan, David Shumbris, Rick Worthy, Oleg Stefan, Denis O'Hare, Kathleen Chalfant, Khan Baykal, Thomas McCarthy, Wayne Duvall, Fabrizio Brienza

2 comentários:

  1. OI vizinha,

    sabe que eu adorei CONDUTA DE RISCO, principalmente o final quando o "fator Clooney" ferra a Tilda Swinton (depois os dois se entenderam em QUEIME DEPOIS DE LER), rs!

    Não vi ainda DUPLICIDADE e já tenho meu filme de feriadão santo!

    Ótima resenha , pra vc é fácil, rs!

    O Clive Owen e a Julia Roberts tem uma ótima química né? "just look closer"

    Adoro a idéia da escalação do ator Tom Wilkinson, que esteve ótimo no filme anterior de Gilroy.

    Ah, DUAS VIDAS com o Wil Smith tbm está na minha lista. Achei À Procura da Felicidade FOFIS!

    Bom feriadão santo. Veja FRENEZI!
    Bjokas minha Marlene Dietrich!

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  2. Adoro esse filme. Acho-o inteligentíssimo, charmoso, dinâmico, agradável e cínico. De um cinismo irresístivel. Já gostava do trabalho de Gilroy como roteirista (trilogia Bourne, advogado do Diabo),com dois filmes no currículo como cineasta, já adentrou a galeria dos meus preferidos.

    Bjs


    PS: Tá chateada comigo?

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