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Por Cristiane Costa Se há uma diretora em Hollywood que sabe realizar agradabilíssimas comédias, esta é  Nancy Meyers. Conhecida por...

Um Senhor Estagiário (The Intern - 2015), de Nancy Meyers


Por Cristiane Costa



Se há uma diretora em Hollywood que sabe realizar agradabilíssimas comédias, esta é Nancy Meyers. Conhecida por excelentes filmes como "Alguém tem que ceder" e "Simplesmente complicado", Meyers tem duas virtudes que fazem a diferença na sua produção cinematográfica : trabalha com atores fantásticos e experientes como Meryl Streep, Steve Martin, Jack Nicholson, Diane Keaton, entre outros, além de ser uma roteirista diferenciada para o gênero. Ela consegue adicionar  subtemas interessantes ao seu roteiro como o amor maduro,  o trabalho, o divórcio, a solidão, a decepção e a segunda chance para ser feliz, articula esses elementos narrativos e entrega um texto que agrega valor à experiência do público e ao processo de aprendizagem através das relações humanas. Habilidosa na arte de escrever com graça e leveza, Meyers se destaca como uma das melhores diretoras e roteiristas de comédias que valorizam personagens e atores acima dos 45 anos.






Um Senhor estagiário  (The Intern) é sua nova empreitada após seis anos sem dirigir longas. Tendo como estrelas, Robert de Niro e Anne Hathaway, em uma incrível combinação de bom humor, respeito, cumplicidade e mentoria, a história aborda  a junção de dois tipos de personagens de idades e experiências distintas: um senhor aposentado e uma jovem executiva. Meyers inverte a tradicional relação do chefe mais velho e do funcionário  jovem e transforma sua comédia em uma delicada e bela jornada de autodescoberta, compartilhamento de experiências e o desabrochar de uma confiança mútua.  Jules Ostin (Hathaway) é uma empreendedora empresária do segmento de comércio online de moda.  Dividida entre o comando dos negócios e a família e, apaixonada por sua empresa, Ostin é a típica executiva da geração de start up e com rápida carreira em ascensão.  Através de um programa especial de aquisição de talentos, sua empresa contrata Ben Whittaker (De Niro), um estagiário sênior de 70 anos. Eles se aproximam além da mera relação profissional e, com isso, a amizade faz a diferença para o arco dramático da narrativa.





O longa é uma suculenta salada mista de assuntos pincelados com sabor e  preza pela valorização da diversidade e do poder de escolha individual em duas preciosas dimensões: a da mulher e do idoso no mercado de trabalho. A mulher é pressionada a ser mãe, esposa, filha e profissional e exercer esses vários papéis multidisciplinares como se fosse a "mulher maravilha". Muitas vezes, ela carrega a culpa de ser bem sucedida e tem que fazer escolhas nem sempre desejadas.  O profissional aposentado ainda tem pique e vontade de trabalhar, a depender do caso. Entretanto,  após anos de dedicação a empresas ou trabalhando como profissional liberal, é considerado um passivo trabalhista na Previdência social e ignorado por muitos das gerações anteriores e pelos empregadores em geral. Aqui, profissionais mais velhos e mulheres assumem o protagonismo e, em especial, demonstram que sempre há a possibilidade de aprender com o outro, independente da posição da pessoa ser de liderança ou de equipe, de arrimo da família ou de quem abre mão da carreira para dedicar-se ao lar. Mais uma vez, Meyers  tenta abrir os olhos do público para sutilezas valiosas que não podem ser perdidas de vista. Uma delas é o nosso valor, como pessoas e profissionais, em todas as idades.






Sob o olhar humanizado de Meyers, Whittaker  tem experiência e qualificação para ser um essencial mentor e Ostin tem muito a aprender antes de tomar decisões que afetam diretamente sua carreira, bem estar e família. Nisto está a beleza da história. Existe uma sintonia entre os personagens de De Niro e Hathaway que não acontece de um dia para o outro. Pouco a pouco, ela é cultivada através da confiança, um dos maiores valores na relação entre indivíduos tanto fora como dentro do ambiente empresarial. Ambos os atores entregam performances cativantes, com destaque para De Niro, que está incrível. Seu personagem transita bem entre a seriedade da experiência e o respeito e tato para lidar com as fronteiras da relação com o chefe, além de ter o   carisma e bom humor tão próprios de sua personalidade. Um Senhor estagiário é  imperdível e merece ser descoberto em um relaxante momento de Cinefilia. Afinal, De Niro é puro prazer cinematográfico.



Distribuição: Warner Bros Pictures







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